quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

tão devagar como uma dormência na ponta dos dedos desenrolo-te em novelo de prata, sinto-me correr nas minhas veias imaginadas as palavras existem mas são terra medo luz trémula um nada
apago as luzes respiro o cheiro de alfazema esqueço sons
abandono as mãos nas raízes infantis de uns dias por haver

e esqueço
as palavras são tinta manchada na tua pele
existe fumo de cetim que me confunde os passos

quando amanhã não me lembrar de ti embrulha as estradas e transforma-as em pó
desfaz o cimento que me alimenta o sangue desfaz-me o corpo na água salgada
esquece o chão e a terra que te suja os passos,
corta as cordas que te guiam a ponta dos dedos
reescreve as pedras da calçada

e quando de manhã for o silêncio, terás um poema escrito na parede

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