sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

se o caminho certo estivesse na palma da minha mão
estaria dentro da tua pele com a solidão por companhia
e encantada com a música de fundo que sinto dentro dos teus olhos

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

reescrevo a tua imagem em modo esquecimento
e sigo o caminho das pedras em vez da curva do teu corpo
tenho uma estátua de pedra no coração com o teu perfil enclausurado
uma angústia ténue, uma saudade e uma festa em alvoroço
um cheiro doce na almofada
um receio de existir mais, de não sentir, de ter a pele transparente em contra-luz

tenho o fim escrito como uma tatuagem nesta nova pele
o amor esquecido no armário de veludo das recordações
o sangue rendido a outros sítios que não esta solidão
música e uma vontade de cantar alto quando a voz hesita desmesuradamente

um equilíbrio sem corda
sem vento
sem dor
com o compasso dos dias desalinhado num desconcerto de Inverno

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

transformo-me num novelo macio de algodão e deixo-me estar em silêncio de janela aberta à espera que o frio me desconforte e desperte os sentidos. tenho o sangue feliz e a pele ansiosa de espera e paixão


não durmo para que a vida não se esqueça de mim

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

tenho um arco-íris nos olhos
as mãos sujas de tinta
uma canção desafinada e doce dentro do coração

sei o sabor das bolas de sabão
da chuva quente
do amor
do amor
da paz e da dor perdida de ruas certas

sei a textura do chão e o húmido da roupa abandonada na marquise
sei a que sabe a amizade à flor da pele
conversas caídas em sacos costurados
a música distraída e depois a música de imaginação

o ter o corpo meu como pedra antiga
conhecer os sons novos como crianças tímidas

sei amar uma parede e um prego caído
uma manta uma almofada de veludo
uma canção desencantada no final de uma noite feliz

sem desiquilíbrio sei viver na corda que me molda os passos
sou mais eu nos cheiros da voz e da casa e dos dias tranquilos

sou o Amor dentro de uma preciosa caixa de madeira
em silêncio e contemplação
memórias em pó e estátuas na palma da tua mão