terça-feira, 11 de novembro de 2008

descanso


o silêncio despe-me e mostra-me o corpo a cicatrizar
limpa-me as dores a algodão transparente e doce
quero-te mais que às minhas palavras no papel cansado, mas escolho as palavras porque só elas sabem descodificar o antigo grito do tigre que habita desde sempre no meu leito

quinta-feira, 30 de outubro de 2008



































escondo nos bolsos do peito o album das fotografias



queimo-as e acaricio-lhes o ventre dorido e luminoso
se procuro o sono é só porque na minha pele tenho pedras de gelo que escorrem lentamente para o chão



sozinhas
sem mim

terça-feira, 28 de outubro de 2008

suicídio temporário

campos de papoilas ardem dentro das pupilas dos meus olhos
silêncio do tigre
passado e tantos futuros brancos de inertes parasitas
amo-te e atiro paus afiados de prata à tua sombra, não te sei e sei-te mais do que a luz que me revolve os dias sem a mancha do tão ansiado suicídio temporário

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

corro os pés por músicas vazias, nada me grita a tua existência
o silêncio mórbido do Amor acena o lenço branco da paz em chamas e eu desisto sobre o colo do chão sem memória

e não me peças o milagre de Existir