terça-feira, 23 de junho de 2009

na casa frágil imagino folhas de metal
casas invisíveis e quentes
um poema em gestos de um bailado entre a tua pele e o pulsar inquieto do meu respirar
palavras mudas de comoção e angústias silenciosas

são verdades mascaradas de melancolia em cada final de dia
silêncios que se escolhem a si próprios em estradas inviáveis
sou pouco mais do que esta poesia, tenho letras no limite da pele cansada de dores que me envelhecem os olhos escuros

preciso respirar perder as forças entre as tuas mãos correr persianas e encaixar-me em concha na tua beira-mar
preciso que me doam as tuas palavras lançadas em noites de amor e tempestade
preciso deste nevoeiro que te envolve

quando te faltar a estrada estou lá eu, tapete de veludo, com dias e relógios inteiros, com garrafas de água de noites mal dormidas

és o Norte se a Norte estiver o desabrigo e as bombas não se ouvirem mais

sou indesistível

barco gasto forrado a ouro e estórias tuas
um desespero de ausência
um desastre a mais dentro dos carris
uma outra coisa onde cada um de nós tem uma metade de uma folha branca, sem limite ou condição

1 comentário:

tiagolanca disse...

que bom! que sonoro na boca. uma clepsidra saborosa, é o que é, este poema. afinal, ainda se escreve... por aqui