quarta-feira, 13 de maio de 2009

encaixo-te devagar dentro da minha concha. não te desespero porque és menos do que tu. és incondicionalmente parte da respiração hesitante. não te desejo, amo-te sem promessa nem história. quase sem poesia nem sentidos. neutra e levemente embriagada de imaginação. és mais meu do que todos os que me encantaram com olhos lânguidos. és o silêncio, a distância que enrolo como fios de lã presos nos meus braços em tardes de chuva. sopras ausências aos meus ouvidos sempre que acordo com a certeza de que não te sei, não te vejo, não te conheço quase. só te idealizo. só te desenho em paragens de autocarro abandonadas, imaginando que pelo menos um viajante poderia ter visto estas palavras se ali ainda passasse alguém. mas ninguém sabe. ninguém lê as palavras que te lanço na janela em noites de tempestade com a timidez de quem quer a solidão como morada. em espaços e depois o vento, só fica o vento.

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