sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

tenho um arco-íris nos olhos
as mãos sujas de tinta
uma canção desafinada e doce dentro do coração

sei o sabor das bolas de sabão
da chuva quente
do amor
do amor
da paz e da dor perdida de ruas certas

sei a textura do chão e o húmido da roupa abandonada na marquise
sei a que sabe a amizade à flor da pele
conversas caídas em sacos costurados
a música distraída e depois a música de imaginação

o ter o corpo meu como pedra antiga
conhecer os sons novos como crianças tímidas

sei amar uma parede e um prego caído
uma manta uma almofada de veludo
uma canção desencantada no final de uma noite feliz

sem desiquilíbrio sei viver na corda que me molda os passos
sou mais eu nos cheiros da voz e da casa e dos dias tranquilos

sou o Amor dentro de uma preciosa caixa de madeira
em silêncio e contemplação
memórias em pó e estátuas na palma da tua mão

1 comentário:

Giuliano Gimenez disse...

Amei a epígrafe do antonio rosa.

Um abraço