domingo, 20 de setembro de 2009

em forma de adeus aos meus olhos cansados imito o grito de uma garça
som de libertação e reinventar de músicas antigas

amo-te em cascas de noz no mar em dia de tempestade
seguro-te e quase não te sei suster no limite da pele de cada um dos dedos que te abraça no canto que a neve não perdoa de atordoada

amo-te no limite de cada um dos meus nervos do som tremido da voz que sabe e se esqueceu como cantar
hesito entre o amor e um chocolate quente
entre a rede de fumo e a de troncos de árvore
canto-te ainda que sem melodia
moldo-te às minhas imperfeições, roubo-te desumanamente e desenho-te em tintas húmidas sem papel nem arco-íris
só terra e roupa suja no chão
cerveja quente
dias chuvosos e chinelos
vidros e restos de jornais

e depois a primavera
e o cantar já sem som
o sono calmo
a lentidão da vida a subir-nos pelas pernas no quotidiano mecânico
um papel esquecido na almofada
uma música que se dança e uma telefonia
um carro o sol e a chuva repentina
vinho branco e o abraço certo
um papagaio de papel tosco e sem forma
uma rede fria
um rio

o encadeamento certo de um dia vulgar

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