"Em jeito de não silêncio
Na busca de um caminho
encontro a tua poesia
porque as palavras não tenho dias para as dar
para as cantar num enrolado de sol e de ti
num sossego sem horas
num arco-iris de sombra e de sono
relembro histórias e olhos de espantar
escrevo na tua pele, no canto que ainda não sofre a passagem dos dias
e silencio-me como quem desaparece, se evapora
na angústia de não te escolher igual ao que foste
e reinventar-te
na paixão dorida dos dias
ter na mão a dádiva de recomeçar
tão só não ser de novo
ter a dádiva de duvidar
escrever
ser poesia enquanto não souber ser Mais Nada
inquietar-te
perturbando a tua apatia
desviar-te dos teus carris de ferro
numa explosão de sangue e vida cruel e brilhante
desvia-me também agora
esquece o depois que não tem corpo
chama-me hoje sem demoras
não deixes que o meu sangue passe para a imaginação
não deixes que de repente só saiba o cheiro mecânico dos meus gestos
espera que eu chegue lenta pela porta
doente de sono e de espera e saudade tortuosa
envolve-me em garras de silêncio
estilhaça o meu corpo contra o teu se não houver outro caminho
Ama-me sem olhos esquecidos
decora de novo as curvas do meu braço
Não posso ter outro caminho
Não te assustes com o grito do leão
Ele está dolente no meu colo
Amo-te se em si palavras têm o que dizer
Amo-te
dizem feridas as mãos cansadas de costurar um outro sítio
não me deixes mais escrever ou chorar ou cantar um novo dia
só sei ver se ouvir de noite a tua voz"
Junho 2005
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